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Realidade e Ficção

Foto CERN
A vida de João Quântico não é uma vida muito fácil, hoje sendo uma pessoa respeitada no seu meio, admirador dos avanços científicos e dos cientistas, fez uma reflexão sobre o motivo de ter havido tanta dúvida e sofrimento durante sua vida, para tal ele resolveu enumerar alguns motivos:
1 - Na infância seus pais, muito religiosos por sinal, tentaram incutir na cabeça dele a ideia de um Deus que ele não conseguia ver, sua mente lógica, imediatamente começou a questionar, sim, pois seus pais falavam de milagres feitos por este Deus, porém João, nunca tinha visto um milagre sequer. Na adolescência deparou-se com um mundo bem bagunçado e irracional, suas dúvidas persistiam, ele não conseguia entender, por exemplo, o motivo de alguém ir para o céu ou inferno, afinal ele não sabia nem porque estava aqui e o que é mais importante não pediu para ninguém aqui estar. Na infância, na época do natal, recebia presentes de papai Noel, chamado de “bom velinho”, o mais estarrecedor para João é que se dizia que tal data comemorava o nascimento do “salvador do mundo”, porém, por onde andava ele só via “papai noel” por tudo quanto é lado, onde está este salvador? Pelo menos um cartaz com uma foto dele gostaria de ver, questionava. Com o passar do tempo para seu espanto João descobriu que o “bom velinho” não passava de uma mentira engendrada pelos adultos para enganar as incautas crianças, tal fato deixou o agora adolescente João um tanto bravo, principalmente ele que adora uma série de ficção científica, era alvo de brincadeiras de mau gosto de outros que o taxavam de “cientista louco”, diziam que ele vivia em um mundo de fantasia, era motivo de zombaria até de seus familiares, mas o que ele questionava é que na época do Natal todos ficavam um tanto bonzinhos por algo fundamentado em uma mentira, isso não seria pior que a ficção? Ou comemorar o aniversário de alguém que nasceu em uma terra bem distante da nossa, que tem um bom velinho usando uma roupa um tanto ilógica para ser usada no Brasil, é no mínimo estranho. Ele até tinha pena dos homens que vestiam aquela parafernália para enganar as crianças, no seu entender deviam sofrer com o calor dentro desta roupa, bem feito! Retrucou raivoso, quem manda enganar as crianças! Com esse raciocínio João refutou aqueles que zombavam dele.
2 – Quando entrou para Universidade João ficou feliz, afinal entraria em contato com mentes desenvolvidas, porém, encontrou digamos algumas inconsistências lá também. Uma foi com um grupo de ufólogos, estes diziam que os feitos humanos sofreram influencia direta de seres extraterrestres, mais uma vez ele se viu em cheque-mate, afinal nunca tinha presenciado qualquer indício que o levasse a tal conclusão, além do mais como fã de Star Trek, serie em que seu autor exalta a capacidade humana, tais informações seriam ilógicas então ele questionou:
I – Se os ET’s ajudaram a humanidade com suas tecnologia, porque na antiguidade a expectativa de vida das pessoas era tão baixa, sim sabe-se que a medicina no Egito era “avançada”, porém, se tais extraterrestre lá estivessem ensinariam aos Egípcios a construção de equipamentos para ver o mundo microscópico, por exemplo, uma vez que o microscópio só foi inventado a cerca de 400 anos atrás, fica claro que foi um feito humano. Acredita-se que tenham sido dois holandeses, fabricantes de óculos, Hans e Zacharias Janssen, pai e filho, os inventores do primeiro microscópio em 1591, tal invento começou a revelar à humanidade o mundo minúsculo das células e dos microorganismos. A pergunta de João é simples, onde estava os extraterrestres que não ensinaram os egípcios a construção de um aparelho idêntico? Ou um modo de moer grãos sem prejudicar os dentes, sim o pão alimento egípcio por excelência, revelou-se a explicação para o elevado número de cáries encontradas pelos arqueólogos nas múmias egípcias. Por este motivo João acha muito improvável a suposta influencia de extraterrestre em nossa civilização.
II – Na realidade na mente de João a única coisa que ele observa é o avanço da Ciência baseada em seres bem humanos, tão humanos que até hoje muitos gênios consideram a influencia de um Deus em suas descobertas, assim com no Egito ou outras civilizações o fato de se atribuir a um deus ou deuses tais descobertas não implica necessariamente a presença de ET’s, sendo mais fácil e lógico atribuir estas façanhas a genialidade de alguns humanos e atualmente, aos centros de pesquisa que investem bilhões de dólares e muito esforço HUMANO nas descobertas da Ciência. João acha que basta utilizar a Navalha de Ockham, também conhecida como o princípio da parcimônia, é uma máxima que valoriza a simplicidade na construção das teorias. A frase de Ockham mais próxima desta máxima é "Frustra fit per plura quod potest fieri per pauciora" ("É vão fazer com mais o que se pode fazer com menos"). Torna-se, portanto totalmente desnecessário atribuir a extraterrestre feitos puramente humanos.
3 – Outro problema de João é em relação à Teoria da Evolução, para ele passou a ser um dogma, afinal ele não consegue observar na natureza atual seres transicionais que apoiariam tal teoria, porém, este é um campo mais minado que os acima citados, os evolucionistas não deixam ninguém questionar livremente tal teoria sem ser taxado de anticientífico e retrógado, mas isso não impede João de questionar no seu intimo o seguinte:
I - Um belo dia, João sintonizou sua televisão no Discovery Channel, lá estava um evolucionista “demonstrando” através de um fóssil da garra de um dinossauro como estes ao escalarem árvores associado a alguns milhões de anos, subindo e se lançando das copas criaram penas e asas transformando-se em aves, alias quem evoluiu primeiro a pena ou as asas? A pena é a confecção de um material especial muito importante para quem pretende alçar os céus e as asas uma solução magnífica envolvendo princípios físicos-matemáticos e aerodinâmicos, sem falar nos ossos especialmente providenciados pela evolução para possibilitar o voo. Esta evolução é mesmo mágica, não é? Ou seria muita imaginação, falta de lógica ou má fé? Comparou a estória do “Cientista” a um conto de fadas, baseado na exposição deste seria fácil acreditar que um sapo através de um beijo se transforma em príncipe. João não acha exatamente que a evolução esteja errada, porém, deve ser contestada quanto suas lacunas. Afinal este é o papel da Ciência, ele concorda com Popper que diz, “se a ciência se baseia na observação e teorização, só se podem tirar conclusões sobre o que foi observado, nunca sobre o que não foi. A possibilidade de uma teoria ser refutada constituía a própria essência da natureza científica”. Assim, uma teoria só pode ser considerada científica quando é falseável, ou seja, quando é possível prová-la falsa. Esse conceito ficou conhecido como falseabilidade ou refutabilidade. Porém, o limite da ciência deve ser considerado. A ciência produz teorias falseáveis que serão válidas enquanto não refutadas, pode ser o caso da evolução. Por este modelo, não há como a ciência tratar de assuntos do domínio da religião, que tem suas doutrinas como verdades eternas ou da filosofia, que busca verdades absolutas. Para João fica obvio que o Criacionismo não pode ser considerado Ciência e baseado no raciocínio exposto até aqui o Design Inteligente também não, pelo simples fato de não se poder provar quem é o suposto Designer e muito menos o espiritismo. Para ele o maior problema da Teoria da Evolução está justamente na dificuldade impostas pelos evolucionistas quando alguém tenta falsea-la indo de encontro à refutabilidade fundamental para o desenvolvimento científico.
Foi assim com a teoria do flogisto elaborada por Georg Ernst Stahl em 1723, afirmava que quando um material entra em combustão ele pode oxidar ou reduzir seu flogismo, ou seja, a oxidação era a perda do flogisto pelo corpo, enquanto que a redução era a absorção do flogisto expelido por outro corpo para explicar os processos de combustão. Esta teoria foi transcrita em uma formula de simples compreensão: METAL = OXIDO DE METAL + FLOGISTO. Quando foi provado que o oxido de metal era mais pesado do que o próprio ar, a comunidade cientifica concluiu e adquiriu a teoria de que o flogisto era mais leve que o ar, sendo assim o oxido que não continha o flogisto era mais pesado que o ar, o que não ocorria quando o absorvia, passando de um oxido de metal para um metal, e de acordo com a teoria consequentemente o metal se tornaria mais leve que o ar em decorrência do flogisto. Mas logo surgiram mais indagações sobre esta teoria, as principais levantadas por Lavoisier, que após experiências concluiu que o metal que deveria perder peso depois de aquecido, pois perdia o flogisto, se comportava de maneira contraria ganhando peso, esta pergunta não se tornou um problema para Becher, ele afirmava sem muitas provas que: “o flogisto não era uma substância em si, mais uma essência que fluía de elemento para elemento”. Após anos de estudos de Lavoisier para derrubar definitivamente a teoria do flogisto, ele conciliou a descoberta acidental do oxigênio feito por Joseph Priestley, com seus estudos chegando à conclusão de que o elemento participante da combustão estava neste componente da atmosfera (o ar em si) juntamente com o material, e não em uma essência que todos os materiais continham. Assim Lavoisier derrubou definitivamente a teoria do flogismo, com seus estudos juntamente com o componente descoberto por Joseph, também foi provada a participação deste elemento batizado de oxigênio na respiração. Conclui-se que o participante da combustão não esta somente no interior dos materiais, mas sim também no meio em que este é inflamado. Tais princípios são muito utilizados quando se faz curso de combate a incêndios, sendo amplamente comprovado. João sabe que Stahl havia começado a explicar os diversos efeitos envolvidos na combustão, ainda que não de maneira completamente correta e que seu estudo foi extremamente importante para o entendimento de processos biológicos como a fermentação, respiração e putrefação. Exalta-se assim a máxima de que as possíveis falhas refutadas de uma teoria podem contribuir para o progresso científico como um todo.
Para João, Popper mostrou entre as muitas virtudes que nossa ciência veio adquirindo dos grandes sábios que lhe deram grandeza, uma ciência que se faz grande na virtude da humildade.
Fontes:
http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=25540
http://www.youtube.com/watch?v=9bvyn3h_soQ

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