Tenho mais de sessenta anos de idade, e atualmente, posso dizer com toda tranquilidade que é improvável uma pessoa vinda de uma família pobre atingir o topo da pirâmide salarial. Examinando diversas pesquisas, concluímos que indivíduos menos privilegiados estão em desvantagem. Esta afirmação se baseia em estudos que mostram a facilidade dos mais ricos em aumentar seu patrimônio.
Acreditamos que essa situação evidencia a necessidade de medidas sociais para melhorar a distribuição de renda, não apenas no Brasil, meu país natal, mas também globalmente. Isso proporciona uma oportunidade para indivíduos provenientes de famílias com menos recursos financeiros alcançarem um nível de ganhos mais equitativo.
A necessidade de implementar essa medida se torna ainda mais crucial ao levarmos em conta que 1% da população brasileira, possuem 49% da riqueza do país.
Mobilidade intergeracional: verifica a posição social de pessoas de diferentes gerações, como pais e filhos. Ela busca saber se os filhos alcançaram uma situação financeira melhor, pior ou igual à dos pais. Esta verificação é relevante para entender a desigualdade na sociedade, pois mostra se todos têm chances de melhorar socialmente, não importa de onde vieram.
Pelo que já lemos até aqui não fica difícil de intuir quais são os fatores influenciadores na mobilidade no âmbito familiar e individual, mas colocaremos alguns abaixo:
Situação socioeconômica familiar: os filhos de famílias com renda e nível educacional mais elevados geralmente possuem mais oportunidades para obter uma posição social superior.
Acesso à Educação: Uma educação de alta qualidade é essencial para cultivar as habilidades e o conhecimento indispensável para prosperar no mercado de trabalho.
Discriminação: elementos como etnia, gênero, origem socioeconômica e orientação sexual podem constituir obstáculos no acesso a oportunidades, restringindo assim a mobilidade social.
Políticas Públicas: As políticas governamentais que assegurem o acesso à educação, saúde e oportunidades de emprego têm potencial para promover um aumento significativo na mobilidade social. Neste artigo, o foco principal será o acesso à educação. Contudo, não será abordado somente sob a perspectiva da frequência escolar, mas também com ênfase na importância de educar as crianças sobre os desafios do gerenciamento financeiro ao longo da vida.
A importância da mobilidade social
A mobilidade social é crucial para permitir que as pessoas melhorem suas vidas e atinjam seu máximo potencial. Uma sociedade que possui alta mobilidade social é mais justa e equilibrada, oferecendo oportunidades para todos. Isso leva a uma vida melhor, fortalece a coesão entre indivíduos e impulsiona o desenvolvimento econômico, assegurando a sustentabilidade em harmonia com a natureza. Assim, políticas que promovem tal mobilidade.
Em uma sociedade de mobilidade limitada, as posições superiores e recompensas não estão acessíveis a todos. Seu alcance não depende unicamente de esforço e habilidade, mas também de condições herdadas. Embora o esforço e a competência sejam fatores importantes, o maior trunfo que se pode possuir é, muitas das vezes, a sorte.
O estudo de mestrado de Lucas Warwar na Universidade Federal de Pernambuco, "Intergenerational mobility in the land of inequality: The case of Brazil" (em inglês), aliado aos dados do IBGE. Demonstra que crianças oriundas de famílias vulneráveis, que enfrentam desafios de insegurança alimentar, frequentemente encontram obstáculos no processo de aprendizado. Para ilustrar, vamos focar nos desafios mais comuns encontrados no aprendizado de matemática. A educação financeira, embora seja uma área multidisciplinar, precisa de sólido conhecimento em cálculos para ser ensinada ou adquirida é necessário se ter uma base robusta para sua compreensão.
Para Fonseca (1995, p. 217), há vários fatores relacionados com as dificuldades para se aprender a matemática nas escolas, dentre eles: “[...] ausência de fundamentos matemáticos, falta de aptidão, problemas emocionais, ensino inapropriado, inteligência geral, capacidade especial, facilitação verbal e/ou variáveis psiconeurológicas”. Podemos acrescentar a Matofobia e a pobreza nesta lista.
A Matofobia, trata-se de um sentimento de aversão que certos alunos demonstram pela matemática oriundos das mais variadas causas, inclusive hereditárias.
E a pobreza, note que todas as causas acima citadas independem da classe social na qual a pessoa está inserida. Portanto, não é difícil perceber que a pobreza exclusividade.
A pobreza interfere no aprendizado das crianças pobres?
Vários estudos confirmam que as crianças de famílias que lidam com insegurança alimentar gereralmente presentam desempenho escolar abaixo do ideal. Certamente essa situação contribui para as dificuldades de aprendizado desse grupo de alunos.
Em artigo de Hair, Nicole L. at al, 2015, Association of Child Poverty, Brain Development, and Academic Achievement, publicado pela American Medical Association escreveu nas Conclusões e relevância: “A influência da pobreza na aprendizagem e realização das crianças é mediada pelo desenvolvimento estrutural do cérebro. Para evitar custos de longo prazo de funcionamento acadêmico prejudicado, famílias abaixo de 150% do nível federal de pobreza devem ser direcionadas para recursos adicionais destinados a remediar ambientes da primeira infância”. (tradução do autor).
O estudo acima mostra, portanto, a pobreza impacta o aprendizado não só na Educação Infantil, mas ela acarreta marcas permanentes no desenvolvimento dos indivíduos quando não há práticas de ensino e políticas públicas que se pautem na superação das defasagens decorrentes. (BRASILIENSE, Kelen da Silva; SOUSA, Rafael Rossi de, 2021).
Fonte: Iciberg
Mobilidade intergeracional no Brasil e no mundo
Países Escandinavos: Alta mobilidade intergeracional, facilitada por sistemas de bem-estar social robustos e igualitários. A educação de alta qualidade e gratuita para todos é um dos pilares dessa mobilidade.
Estados Unidos: Embora seja considerado o "país das oportunidades", os Estados Unidos também enfrentam desafios significativos em termos de mobilidade intergeracional. A desigualdade de renda e as diferenças na qualidade da educação são obstáculos importantes.
Europa Ocidental: Países como Alemanha, França e Reino Unido apresentam níveis de mobilidade intergeracional intermediários. Embora não alcancem os níveis dos países escandinavos, políticas de bem-estar social e educação acessível ajudam a promover a mobilidade.
A questão da desigualdade de renda é um problema global, com 1% da população detendo quase metade da riqueza total. Em contrapartida, a riqueza acumulada de mais da metade dos indivíduos mais desfavorecidos compõe pouco mais de 1% do total.
Os dados globais refletem uma realidade semelhante à do Brasil, conforme indicado no relatório da Oxfam. Este relatório destaca que 63% da riqueza brasileira está concentrada nas mãos de apenas 1% da população, enquanto a metade mais pobre da população detém somente 2% do patrimônio do país.
Competência ou sorte? Ou ambos?
Nosso pessoal conduziu uma análise de casos envolvendo jogadores de futebol. Neste esporte, alguns jogadores se destacam, atuando em clubes de prestígio e construindo uma trajetória impressionante que inclui passagens por grandes clubes europeus chamamos estes de "sortudos". Contudo, existem outros considerados melhores que os sortudos, mas que, paradoxalmente, não alcançam o ápice de suas carreiras. A chamamos de "quase sortudos" acabam relegados ao ostracismo, esquecimento e declínio, encerrando suas jornadas profissionais de maneira decepcionante.
Após observar vários casos chegamos à seguinte conclusão:
O sucesso é simplesmente a interseção de três elementos fundamentais: talento, oportunidade e sorte. No entanto, é a sorte que mais pode influenciar de maneira positiva ou negativa nossos objetivos. Como as metas individuais são distintas cada indivíduo persegue seu próprio "sonho". Para aqueles em um caminho de carreira bem definido, será preciso habilidade e sorte para ascender a níveis mais elevados até atingir o ápice.
Ficar rico depende mais de sorte do que trabalho duro e talento
Pensamento
As loterias de acordo com Nogueira, Fabiano A. de Alencar em sua o autor da dissertação de mestrado, 2016, p. 51, denominada: Ensaio sobre o Ensino da Matemática Financeira no Brasil temos: “Defino loterias como instrumentos concentradores de renda através dos quais a população mais carente de estabelecer voluntariamente um fluxo de caixa empobrecedor na esperança de enriquecer.”, segundo ele, as loterias são fomentadas pelo governo para iludir especialmente os mais pobres considerando estas piores do que pirâmides, porém, ao contrário das pirâmides, as loterias não são criminalizadas. Sim, mas talvez sirva de atenuante, saber que há um “Repasse Social”, o qual segundo a Caixa, é a atividade fim das suas Loterias, conforme texto a seguir: “Os valores são redistribuídos para investimento no país em áreas como Saúde, Educação, Segurança, Esportes, entre outros. Além de alimentar os sonhos de milhões de apostadores, as Loterias CAIXA constituem uma importante fonte de recursos para fomentar o desenvolvimento social do Brasil. Quase metade do total arrecadado com os jogos, incluindo o percentual destinado a título de Imposto de Renda, é repassado para investimento nas áreas prioritárias”, ainda segundo o mesmo site, estas Loterias repassaram R$ 10,9 bilhões em 2022. (informações obtidas no site Caixa Notícias)
Baseado nas probabilidades das loterias da Caixa, precisamos conscientizar as pessoas necessitadas a não investir em tal opção, porém, há quem comprometa seu orçamento financeiro com bilhetes de loteria semanalmente, na esperança de ganhar uma grande quantia de dinheiro. Tal atitude se demonstra ilógica uma vez que as chances de se obter êxito neste empreendimento são mínimas ou quase zero se preferir.
Vamos analisar
Conclusão: Continue lutando, estude, se esforce, faça o melhor possível. Quem sabe uma dia a sorte bate na sua porta.
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