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Educação Financeira como deve ser ensinada?

            Fonte: Encicoplédia Significados

O que é educação financeira

Educação financeira vai além das operações matemáticas ou dos conhecimentos econômicos. Trata-se de uma jornada complexa em busca de uma autonomia financeira no presente, e especialmente na velhice. Aprender sobre finanças pode transformar sonhos distantes em metas alcançáveis. Porém, como iniciar esse processo de maneira eficaz e estável?

Acreditamos que o ensino de finanças inicia-se com o entendimento do contexto no qual o indivíduo está imerso. Para tal, é essencial reconhecer a importância da multidisciplinaridade. Assim, iniciamos com uma introdução elementar à sociologia com enfoque no conceito de classes sociais. Prosseguimos com filosofia, explorando ideias significativas, como o princípio da impermanência, minimalismo e estoicismo.

Conscientização da pessoa sobre a sua realidade social

Vamos focar nossa análise apenas na faixa de renda, apesar de outros fatores influenciarem a estratificação social. A maioria dos sociólogos considera este fenômeno como causador da divisão de classes. É uma consequência do capitalismo e da intensa divisão do trabalho produzida por este sistema.

Devido a este fator acreditamos que uma criança durante seu período escolar já deva estar ciente que, no Brasil, por exemplo, não é fácil ascender ao topo aqui, filhos de famílias mais pobres têm só 2,5% de chance de chegar ao topo e mesmo entre os que conseguem escapar da pobreza, a melhora de vida pode ser apenas parcial. O país ocupa a segunda pior posição em um estudo sobre mobilidade social feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com dados de 30 países.

A principal causa para isso afirma a OCDE, é a qualidade da educação, que permanece baixa na comparação internacional. “O acesso a creches é difícil, especialmente para as famílias pobres”, diz o relatório. Os outros motivos seriam a baixa qualidade da saúde e os poucos programas de qualificação profissional para as camadas baixas da população.

Por estes motivos devemos deixar claro aos alunos que, subir de classe não é fácil e descer,  mesmo tendo subindo, existe a probabilidade de cair novamente.

A filosofia para ajudar na caminhada

Percebendo a jornada desafiadora para o futuro, é crucial ensinar alguns princípios aos educandos. Tais princípios, podem ajudá-los a entender como o mundo funciona e a como melhorar a sua vida preservando o planeta para nossos descendentes. Abaixo alguns deles:

Princípio da impermanência

O princípio da impermanência atribuído principalmente ao Buda, também conhecido como anicca, no budismo a ideia fundamental é que tudo está em constante mudança e nada permanece o mesmo por muito tempo. Não é difícil perceber que este conceito se aplica a todos os aspectos da vida, desde as coisas materiais até nossos pensamentos e emoções. Nada é permanente, nem mesmo a própria vida. Tudo está sujeito à mudança, surgimento, declínio e dissolução.

Embora possa parecer sombrio à primeira vista, este princípio não deve ser visto como algo negativo. Pelo contrário, ao entendermos a impermanência, podemos aprender que sua situação, seja ela ruim ou boa, mudará. Portanto, devemos sempre estar atento as oportunidades de melhoras. Se você estiver em uma condição financeira boa, lembre-se de se preparar para eventuais dificuldades. Afinal, existem muitos exemplos de indivíduos muito ricos que tiveram suas condições mudadas para a pobreza. Então, em vez de nos apegarmos a coisas e situações que são transitórias, podemos nos concentrar no que realmente importa, neste caso, o futuro, utilizando nossos valores, relacionamentos e experiências.

A impermanência tal como o estoicismo (veremos adiante), pregam que devemos ser mais adaptáveis e resilientes diante das mudanças. Ao ter ciência que tudo muda, devemos estar preparados para os desafios e lidar com os intemperes de maneira mais positiva.

Estoicismo

A educação financeira, quando mesclada com os princípios do estoicismo, nos ensina a diferenciar desejo e necessidade, uma habilidade crucial em um mundo de consumo descontrolado. Através dos pensamentos estoicos, podemos aprender o valor da autossuficiência e como a tranquilidade financeira sustenta uma mente serena. Neste contexto, o controle emocional é tão valioso quanto o controle das despesas. Vamos explorar como esses ensinamentos milenares podem ser aplicados para cultivar uma relação saudável com o dinheiro.

Navegar pelas águas turbulentas das finanças exige mais que conhecimento; exige também sabedoria. Inspirados pela filosofia estoica, podemos abordar a educação financeira com uma nova perspectiva. Em vez de focar apenas em números e gráficos, devemos cultivar a resiliência e a autodisciplina. Assim, a educação financeira se transforma em uma jornada de autoconhecimento e controle emocional. Essa perspectiva não só nos orienta na gestão do dinheiro, mas também promove uma vida mais completa e equilibrada.

Imagine que cada família está em um barco diferente, navegando no vasto mar das finanças globais. Onde você começou? A primeira lição é entender de onde seu barco partiu, e as águas que você navega. Compreender a posição social e o contexto nacional, oferece uma bússola para essa jornada. Assim, cada estudante pode ajustar suas velas financeiras para alcançar destinos prósperos e seguros.

Minimalismo e consumismo

O minimalismo e o consumismo devem ser temas cruciais na grade curricular de educação financeira. A inclusão desses conceitos é fundamental por diversos motivos:
Desmistificação do consumo: Muitas vezes, o consumismo é incentivado pela sociedade como forma de felicidade e sucesso. A educação financeira pode ajudar a desmistificar essa ideia, mostrando que a felicidade não está ligada à quantidade de bens materiais que possuímos. Entender os mecanismos do consumo e as influências que ele exerce sobre as decisões financeiras, pode ajudar as pessoas a fazer escolhas corretas e evitar armadilhas de marketing e publicidade.

Consciência sobre o impacto ambiental: O consumismo, nada mais é do que o consumo excessivo, este tem um impacto negativo no meio ambiente. Logo, ao ensinarmos sobre minimalismo, podemos conscientizar as pessoas sobre a importância de consumir de forma mais consciente e sustentável. O minimalismo também está alinhado com práticas sustentáveis, reduzindo o consumo de recursos, e promovendo um estilo de vida mais ecológico.

Gerenciamento financeiro: O minimalismo nos ajuda a focar no que realmente importa, e a evitar gastos impulsivos. Entender de economia pode transformar sonhos distantes em metas alcançáveis. No entanto, como iniciar esse processo de maneira eficiente? Ensinar sobre os riscos do consumismo, pode ajudar a promover hábitos financeiros mais saudáveis.

Valorização da experiência: O minimalismo nos incentiva a valorizar experiências e relacionamentos em vez de bens materiais. Essa mudança de perspectiva pode levar a uma maior satisfação com a vida. Ensina a valorizar o que realmente é essencial, promove uma vida mais simples e focada no que traz verdadeira satisfação. Isso pode levar a um consumo mais consciente e evitar gastos desnecessários.

Integrar o minimalismo e o consumismo consciente na educação financeira

Discussões em sala de aula

Incentivar discussões sobre como o consumismo afeta as pessoas e o planeta. Planejar atividades como fazer um orçamento pessoal, se desfazer de itens desnecessários ou pesquisar sobre produtos sustentáveis é importante. Compartilhar experiências de pessoas que optaram pelo minimalismo e como isso mudou suas vidas.

Se possível, levar os alunos para visitar empresas que adotam práticas sustentáveis e que oferecem produtos e serviços mais conscientes.

Não há dúvidas, que a educação financeira deve abordar o minimalismo e o consumismo, permitindo que as pessoas desenvolvam uma compreensão equilibrada e informada sobre as finanças pessoais.

Em suma, é imperativo equipar nossa juventude com a habilidade de fazer escolhas conscientes e responsáveis do ponto de vista financeiro e ambiental. Ao prover educação nesses tópicos, estamos cultivando cidadãos mais analíticos e comprometidos com o futuro do nosso planeta.





Vídeo para reflexão


Veja também: 

link: Consumo x consumismo: você sabe a diferença, as motivações?

link: Curso de educação financeira


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